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segunda-feira, janeiro 23, 2006

 

Sobre as eleições

Cavaco Silva, embora por uma diminuta margem (não chegou às seis décimas), conseguiu ser eleito, à primeira volta, Presidente da República.
A sua demorada preparação (de anos!) para estas eleições e a sua cuidada e bem apoiada campanha, a que se associou, é inegável, a boa prestação eleitoral do candidato, deram a vitória, pela primeira vez, depois do 25 de Abril, a um representante da direita!
São várias as razões que, quanto a nós, podem explicar tal êxito:
1ª - A esquerda não conseguiu apresentar-se unida ( o PS foi convidado a tal !);
2ª – No próprio partido socialista houve divisão, com duas candidaturas, a de Mário Soares ( o escolhido pelo partido) e Manuel Alegre que, sentindo-se talvez injustiçado pelo seu partido de sempre, impulsionou aquilo a que chamou um movimento de cidadania, com a participação não só de socialistas, mas de pessoas de outras áreas políticas;
3ª – As últimas medidas do governo, embora necessárias, foram impopulares e contrárias até às promessas do respectivo programa, criando-se um descontentamento quase generalizado, sendo certo que a grave crise permanece ainda;
4ª – Cavaco silva não se cansou de repetir que poderia, como Presidente da República, ajudar a resolver tal crise;
5ª – Cavaco Silva é Economista e Professor e até essa sua qualificação teria tido influência na sua escolha por parte do eleitorado.
6ª - Acresce que, com sinceridade ou não, ele sempre prometeu garantir a estabilidade política, a boa colaboração com o actual legítimo governo;
7ª – Nos seus discursos, mostrou-se como um autêntico social-democrata, defensor do diálogo para prevenir e resolver conflitos sociais, da justiça social, da economia ao serviço do social, da preservação dos sectores estratégicos da economia nacional, do combate ao desemprego e à pobreza e exclusão, do desenvolvimento e competitividade, etc;
8ª – Enfim, Cavaco Silva não teve relutância em usar uma linguagem de esquerda, chegando a afirmar numa entrevista ainda recente que, hoje, era um homem diferente que tinha, de certa maneira, evoluído;
9ª – Para além disto tudo deve ainda considerar-se que Manuel Alegre, segundo classificado na corrida eleitoral, não teve apoios partidários, trabalhou sozinho e “ sem rede”, apenas a ele e aos que o acompanharam nesta aventura política se ficou a dever o mérito da posição alcançada;
10ª – A Mário Soares faltou ( e notou-se muito) um maior empenhamento do PS, confiando-se demais no valor da sua personalidade e do seu justo prestígio. Ele fez o possível e quase o impossível, foi muito generoso na sua acção eleitoral, foi acarinhado por onde andou, revelando, para ultrapassar o estafado argumento da sua idade todas as suas capacidades físicas e intelectuais, toda a sua experiência política. Mas, não chegou!
A idade é, na verdade, para alguns um posto, para outros é um “ contra”!
Custa ver um dos mais notáveis políticos portugueses sair de cena desta maneira pois a gratidão que merece de todos os portugueses não lhe foi devidamente manifestada, na hora da verdade, pelo voto!

De tudo isto, é legítimo concluir que alguma esquerda tem culpas, e grandes, em facilitar a vitória, embora sofrida, de Cavaco Silva, que, diga-se, não só colheu os votos da direita, do centro direita, mas também do centro esquerda e até de franjas da esquerda!
Em todos os distritos a vitória foi dele e a vitória não foi mais folgada porque Manuel Alegre teve maior percentagem do que se contava.
Mas, agora, pergunta-se: o que acontecerá no partido socialista em relação à posição tomada por Alegre?
Pertencendo a esse partido, é aceitável que alguém crie um movimento cívico, chamado de cidadania, combatendo o próprio candidato escolhido para representar tal partido?
É evidente que a democracia não se esgota nos partidos, podendo quem a tal se disponha a fazer política e a concorrer a eleições através de meros movimentos cívicos.
Só que, quer-nos parecer, se já se tem uma filiação partidária não será curial que, paralelamente, se resolva a liderar um movimento para, no jogo eleitoral rivalizar com o seu partido!
Mas, claro, tudo o que aqui se escreve é somente uma opinião pessoal.
Para finalizar: o povo é, sem dúvida, quem mais ordena e, por isso, as suas opções são legítimas.
Daí se tenham, agora, os olhos postos no novo Presidente da República e no desempenho que vier a fazer das suas altas funções

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