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segunda-feira, outubro 10, 2005

 

As eleições

O quadro do poder local, depois destas eleições, ficou semelhante ao de há quatro anos.
O PSD obteve uma vitória muito expressiva, ficando detentor do maior número e das principais Câmaras como Lisboa, Porto, Sintra, Coimbra, Aveiro e Leiria.
Surpresas quase não houve, apenas algumas poucas.
O PSD, com Moita Flores ganhou a Câmara de Santarém, que há 30 anos era um bastião do PS, mas em Faro foi o PS, com José Apolinário, que derrotou José Vitorino.
Em Braga continua a mandar o PS, com o " Dinossauro Autarca" Mesquita Machado.
Surpresa, surpresa foi o PSD arrebatar ao PS a Câmara de Aveiro!
Dos independentes, Isaltino Morais, Valentim Loureiro e Fátima Felgueiras obtiveram largas vitórias sobre os candidatos dos partidos. Só Ferreira Torres perdeu em Amarante para o PS.
Há já quem diga que a muito significativa vitória do PSD resultou do protesto que os eleitores quiseram fazer quanto à política do governo.
Talvez em parte seja assim, mas pensamos que para a derrota do PS contribuiu essencialmente a má escolha dos candidatos.
Por exemplo, Manuel Maria Carrilho apesar de todos os seus méritos intelectuais, não era homem para fazer uma campanha convincente, nem mesmo usando, a nosso ver demasiadamente, a sua mulher, conhecida figura da televisão.
Carrilho não tem à vontade no contacto com o povo da rua, nos debates televisivos foi arrogante, mostrou-se sempre contraído ou pouco maleável, o que lhe retirou a simpatia que é precisa em momentos eleitorais. Bem se esforçou, mas... não deu resultado!
Francisco Assis também foi mal escolhido para enfrentar Rui Rio. Aquele socialista pode servir, com êxito, para outros lugares políticos da maior envergadura.
Inteligente, bem preparado, mas muito rígido na sua postura e maneira de falar, parecendo estar a " bater" em todos!
E depois do que aconteceu com ele em Felgueiras, impunha-se outra escolha para candidato à Câmara do Porto.
A tarefa de João Soares em Sintra, era muito difícil, porque teve de lutar contra uma figura muito conhecida, sobretudo dos meios desportivos, aparecendo todas as semanas na televisão. Fernando Seara é actualmente, sem dúvida, muito mais mediático do que João Soares, além de que sempre se mostrou homem educado e afável, além de que em Sintra tinha já feito obra meritória.
Em Coimbra, Vítor Batista, presidente da Federação Distrital do PS, tem necessariamente que sentir-se muito desgostoso, não só pelo seu pessoal resultado eleitoral no concelho de Coimbra, mas ainda porque, na verdade, houve um enorme desaire do partido em todo o distrito.
É caso para que se reflicta, com muita seriedade,no que teria sucedido mal e tirar, posteriormente as ilacções que se impõem.
E a Figueira?
Não foi ainda desta vez que o PS reconquistou a Câmara, mas Vítor Coelho bem merece já uma nossa referência de sincera felicitação, pois reconquistou, por mérito próprio, para o partido que representava a Junta de Freguesia de S.Julião, o que não acontecia há já muitos anos, desde o tempo de Carlos Gonçalves.
É certo que para a Câmara o PS passou de três para quatro vereadores e, quanto a Juntas de Freguesia, ganhou as urbanas e mais populosas, como, Figueira, Tavarede, Buarcos( Carlos Moço reconquistou a Junta) Vila Verde (mas logo de início, " perdeu" as Freguesias de Quaios e de S.Pedro, que eram socialistas e que, nestas eleições quiseram apresentar-se como independentes, ganhando).
Se, por um lado, o PS deve sentir certa satisfação com mais um vereador, o que poderia ter acontecido se a sua campanha não fosse tão morna, tão cheia de falhas, com tanta e notória falta de orientação!
E também, claro, se fosse outro o líder da lista, que acabou " isolado" dos seus principais colaboradores, não revelando aptidão para os contactos com o povo, enquistando-se em si mesmo, não aparecendo ou aparecendo muito pouco.
Quanto a nós, o PS perdeu uma excelente oportunidade de reconquistar a Câmara da Figueira.
É que, efectivamente a lista do PSD não era boa, pelo menos havia nela dois ou três elementos com pouca aceitação no nosso concelho.
Por alguma razão o PSD perdeu, em relação às eleições de 2001, cerca de 2000 votos.
Por ser sintomático, aqui fica mais uma nota final: o PS, nestas eleições, perdeu muitos mais votos para a Câmara e quase não perdeu em relação à Assembleia Municipal, isto em relação a 2001.
A abstenção foi de 42,6%.
O CDS/PP praticamente desapareceu neste concelho, não conseguindo ficar com qualquer representação nos órgãos autárquicos.
A CDU, na Figueira, manteve 2 elementos na Assembleia Municipal, mas, a nível nacional, teve um bom comportamento, conquistando as Câmaras do Barreiro, de Peniche, de Sesimbra, de Alcochete,da Marinha-Grande, sem dúvida mercê da boa campanha feita por Jerónimo de Sousa que se revelou um político de primeira linha, com que há que contar para eleições futuras.
O BE obteve 980 votos, ficando com um elemento na Assembleia Municipal.
E agora?
Agora, serão mais 4 anos, para que os autarcas eleitos mostrem o que valem.
E, sem demoras, haverá que averiguar a responsabilidade dos que não souberam agir ou orientar as campanhas dos seus partidos, levando-os a alguns resultados inesperados.
E nessa averiguação, o PS, não poderá deixar de ponderar bem na estranha forma como se iniciou o processo eleitoral e se foi pertinente afastar dos trabalhos da campanha alguns militantes antigos e dedicados.

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