Lugar para Todos

Gostámos do discurso de Jorge Sampaio, ontem, proferido no Palácio da Ajuda, na comemoração da implantação da República.
Referiu-se, em primeiro lugar, aos princípios e valores defendidos pelos corajosos homens que lutaram pela mudança de um regime monárquico já caduco e dsprestigiado, para um regime Republicano que assenta na Liberdade, Igualdade e Fraternidade, princípios que ainda hoje devem sustentar a nossa República.
Aproveitou, porém, a ocasião para, como lhe é habitual, com clareza e desassombro fazer algumas considerações oportunas, sobre a crise que, há já tempo se instalou no nosso país, apontando as suas principais causas e apelando para que, com muito empenho, o governo e todos os portugueses as combatam.
A necessidade de uma reforma judicial, a inversão do ónus da prova quanto aos crimes de corrupção e económicos, os problemas das forças armadas e de segurança, a necessidade de modernização dos Partidos para evitar o divórcio que se vem notando entre eles e a sociedade civil, a reforma da administração pública, a promoção da Ciência e da tecnologia, a qualificação e a formação profissionais, etc, foram temas tratados no discurso do Presidente.
Mas, apesar de reconhecer que havendo um certo péssimismo generalizado, Jorge Sampaio fez um apelo a que esse sentimento negativo venha a ser superado com o esforço, trabalho e vontade firme, como, aliás, tem acontecido em períodos de outras crises.
Este foi o último discurso relativo à implantação da República que Jorge Sampaio fez antes de terminar o seu mandato.
E neste discurso ele foi igual a si mesmo, revelando um conhecimento perfeito da realidade portuguesa, firmeza quanto aos princípios e valores que sempre o orientaram e que são os alicerces da democarcia e a intervenção corajosa de apontar erros e indicar soluções.