Lugar para Todos

Não há dúvida: não serve o formato imposto para os debates televisivos a respeito das eleições presidenciais.
Como alguém já disse e bem, não são debates, são dois monólogos...
No de ontem, Mário Soares ainda tentou discutir directamente com Jerónimo de Sousa, mas não conseguiu porque havendo regras havia que respeitá-las.
O candidato comunista teve uma boa prestação. Com serenidade, mas, ao mesmo tempo, com convicção atacou principalmente a política que o governo está a fazer que, no seu entender, não se coaduna com a Constituição e resulta em desfavor dos trabalhadores.
No entanto, achámos que Jerónimo de Sousa muito respeitador de Mário Soares, a quem nunca fez um ataque ou uma censura, elogiando até o seu primeiro mandato como Presidente da República.
Houve também poucas diferenças quanto à crise da Justiça, quanto à OTA e ao TGV.
E houve ainda vários pontos de aproximação entre os dois candidatos, como em relação à guerra no Iraque , ao futuro da NATO e apenas a discordância surgiu relativamente à actual política do governo.
Mário Soares, invocando a gravidade da crise económica, disse que o governo de Sócrates está a fazer o que deve, embora arrostando com a impopularidade para a debelar e os portugueses poderem vir a ter um futuro melhor.
Também quanto à União Europeia as opiniões dos candidatos não convergiram, como era natural.
Todo o debate decorreu em bom ambiente, mesmo até de cordialidade e Mário Soares ouviu de Jerónimo de Sousa que na primeira volta não desistirá mas que, se houver segunda volta “ os meros interesses partidários serão secundarizados em nome da democracia”.
Ficámos mesmo com a ideia de ele ser sincero nessa sua afirmação, o que, pelo menos por agora teria agradado a Mário Soares.
Assim a esquerda tem é que evitar que o candidato da direita não ganhe à primeira volta e para isso terá a esquerda que repensar as suas posições e encontrar um candidato único que a represente.