.comment-link {margin-left:.6em;}

sábado, dezembro 17, 2005

 

O debate Soares – Alegre

Foi, sem dúvida, um encontro embaraçoso para estes dois candidatos.
A velha amizade e o companheirismo em muitas lutas contra a ditadura e depois do 25 de Abril pela Liberdade e Democracia tinham que ter o seu efeito nos ânimos dos dois interlocutores.
A situação em que hoje se encontram não os deixava que se considerassem inimigos e nem sequer adversários!
E o debate ressentiu-se disso, muito embora um e outro fugissem a falar muito sobre as circunstâncias que levaram a aparecer estas duas candidaturas e que os apresentadores tentaram explorar.
As acusações recíprocas foram suaves: Soares dizendo que Alegre não tinha a experiência precisa para ser um bom Presidente e Alegre afirmando que se a experiência fosse condição essencial para o exercício do lugar nunca haveria renovação.
Embora Manuel Alegre falasse com mais vivacidade, expondo com clareza as suas ideias, o certo é que Soares ( que estava ontem com uma tosse irritante), com a sua habitual calma e “ puxando dos seus galões), soube contrapor ao seu interlocutor o que pensa sobre várias questões abordadas: a crise económica e social, a descrebilização da justiça, a política externa, as privatizações, a OTA e o TGV, a defesa dos direitos humanos e sociais, etc.
A certa altura, chegou mesmo a estabelecer-se, embora por poucos momentos, um diálogo entre Soares e Alegre.
É difícil dizer quem ganhou o debate, mas, pode, sim, dizer-se que ambos os candidatos se respeitaram ( ao contrário do que alguns imaginavam, contando com a chamada “ peixeirada”!) e se portaram como dois bons políticos, conhecedores da realidade portuguesa.
Houve, porém, uma posição de Alegre que estranhámos: falou, quanto a nós, com demasiada ligeireza da dissolução da Assembleia da República ( a propósito da privatização da água) e da intervenção presidencial em assuntos que mais dizem respeito ao governo.
Mário Soares foi mais prudente quanto a esses pontos, revelando uma sua já longa experiência no exercício das funções presidenciais.

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?