.comment-link {margin-left:.6em;}

quarta-feira, março 15, 2006

 

O encerramento de maternidades

Desta vez o Ministro da Saúde anunciou publicamente o encerramento de seis blocos de parto.
Até final de Junho, ficarão sem eles os hospitais de Barcelos, Santo Tirso, Oliveira de Azeméis e Elvas.
Até Dezembro serão os hospitais de Amarante e da Figueira da Foz, estando ainda por definir os encerramentos quanto aos hospitais de Bragança ou de Mirandela, da Guarda ou Covilhã ou Castelo Branco.
Claro que surgiu, com mais veemência, a contestação, que já se sentira anteriormente, por parte de pessoal médico, responsáveis das autarquias atingidas e das populações.
O Ministério logo indicou blocos de parto alternativos ( curiosamente até o hospital Infanta Cristina, em Badajoz!).
Esta medida de política de saúde entender-se-ia se, porventura, nas maternidades a encerrar não existissem condições de segurança quanto aos partos.
Porém, já é muito difícil de aceitar quando algumas dessas maternidades, com encerramento anunciado, possuem bons recursos humanos e bons equipamentos, isto é, quando nelas há o que é necessário para que os partos ocorram normalmente, com êxito.
Pode dizer-se: mas os serviços de obstetrícia e pediatria continuam nos hospitais em causa, podendo as grávidas e os recém-nascidos serem aí acompanhados.
Quer dizer, durante o período de gravidez, a mulher ganha confiança com o médico e com o pessoal que a assistem, mas, na altura do parto terá que ir, apressadamente ou não, consoante os casos, para outro lugar, conhecer outros profissionais de saúde e aí ter o parto.
Não terá isso efeitos pelo menos psicológicos negativos nas parturientes, até talvez consequências que podem reflectir-se no inêxito do parto ou ainda no próprio nascituro?!
O nascimento de uma criança é um acto que merece, na verdade, a maior protecção e não haverá, decerto, nenhuma futura mãe que deseje ou se sinta bem a “ andar em bolandas “, de um lado para o outro, conhecer médicos e enfermeiros diferentes, para dar à luz!
Situações como essas trazem à parturiente, sem dúvida, instabilidade anímica, nervosismo, receios, ansiedade, preocupações, etc.
Poderá aceitar essas situações se tiver conhecimento de que a maternidade do hospital da sua terra não tem, efectivamente, condições que garantam a normalidade do seu parto.
E compreender-se-á que o Ministério da Saúde, por questões económicas, não possa ou não ache rentável criar essas condições.
Mas, quando esta já existem, não sendo preciso melhorar sequer o equipamento ou aumentar a despesa com o pessoal médico, não deve, entendemos nós, encerrar-se um bloco de partos só porque nele não se atinge anualmente um certo número de intervenções!
Isso será uma visão puramente economicista da questão, que não se compadece com um acto médico de tanta importância, até moral, como é o nascimento de uma criança.
Ora, relativamente à Figueira, pelo que sabemos, há as melhores condições para que no hospital funcione um bloco de parto.
Há bons médicos, em número suficiente, há bons enfermeiros, há bom equipamento, há os melhores cuidados e muita dedicação na assistência à parturiente.
E é ainda certo que as taxas de mortalidade materna e peri-natal são sobreponíveis às de qualquer hospital central.
Não deve, ainda, esquecer-se que, durante a época de Verão, triplica ou mais a população, sendo muitos os estrangeiros que têm que recorrer aos serviços hospitalares e com que ideia ficarão ao saberem que esta cidade de turismo não dispõe de uma maternidade, tendo que, quando necessário, se ir a correr para Coimbra ou Leiria para se realizar um parto?!
Quer-nos parecer que, por tudo isto, o Ministro da Saúde deveria repensar o caso da maternidade da Figueira.
O bom senso, os valores e princípios de excelência que lhe conhecemos, e ainda a sua humildade democrática em corrigir posições que venha a reconhecer não serem as melhores, levarão, com certeza, aquele governante a uma maior reflexão quanto aos elementos próprios do bloco de partos do hospital da Figueira da Foz.
Quem gere actualmente os destinos da nossa terra não deixará, decerto, de diligenciar com brevidade junto daquele Ministro, solicitando-lhe, em nome da comunidade figueirense tal reflexão.

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?