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domingo, maio 14, 2006

 

Dois centenários a não esquecer

Se fosse vivo, no passado dia dois, D.António Ferreira Gomes que foi Bispo do Porto comemoraria o centenário do seu nascimento.
Foi figura marcante na Igreja e na política portuguesa, aquele distinto Prelado, possuidor de uma fulgurante inteligência, vasta cultura, e revelou sempre a maior abertura à melhor prática religiosa e aos problemas da justiça social.
Com posições corajosas em oposição à ditadura de Salazar, viu-se perseguido e forçado a abandonar a sua diocese e mesmo o país.
Célebre a carta que escreveu a Salazar, em que lhe expôs, com a maior frontalidade, os principais erros, injustiças e os muitos males do regime totalitário, que subjugava os portugueses.
D. António ferreira Gomes foi um padre conciliar antes do Consílio do Vaticano II, em que veio a participar e onde gozou de muita admiração pela sua determinação e também bom senso como fez a suas intervenções, todas elas no sentido de uma Igreja aberta ao mundo, com maior aproximação aos mais necessitados e espoliados.
D. António Ferreira Gomes fez escola em grande parte do clero português, dando um grande impulso para uma Igreja moderna, mais humilde, compreensiva e mais de acordo com os seus princípios iniciais.
Só no tempo de Marcelo Caetano e mercê de um abaixo-assinado com milhares de assinaturas, D. António regressou ao Porto onde continuou a fazer uma notável acção apostólica, nunca deixando de defender os direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos.
Aquele Bispo ficará para sempre na história da Igreja portuguesa e mesmo na História Contemporânea de Portugal como figura de muito relevo.


Amanhã, completaria cem anos o General Humberto Delgado que ficou conhecido como o General sem medo, tão valente foi na luta contra o regime de Salazar.
A campanha eleitoral que fez contra o candidato do Estado Novo Almirante Américo Tomás foi feita com muita coragem e, se não fossem as “ falcatruas” que a União Nacional, partido único que apoiava o candidato do regime, o general teria ganho as eleições.
Mas, na verdade, tudo valeu (votos em papel diferente, votos de mortos, “chapeladas de votos”, etc) para, embora ilegalmente, dar Humberto Delgado como vencido.
Ficou célebre a resposta dada por ele a um jornalista quando este lhe perguntou o que faria a Salazar caso ganhasse as eleições: “ obviamente demito-o”.
O General Humberto Delgado que começou por servir o regime de Salazar veio, porém, a convencer-se que efectivamente esse regime se baseava numa propaganda mentirosa e falsa, verificando, sim, que o povo não tinha a mínima liberdade e era vítima de frequentes injustiças e perseguições, e violências da maior gravidade.
E o certo é que, aderindo à Oposição Democrática, Humberto Delgado foi-lhe fiel até ao seu assassinato pela polícia política em Badajoz.
O general sem medo provocou com a sua atitude enérgica e determinada um primeiro “ abanão” que fazer o regime ditatorial.
Foi uma figura que entrou, por mérito próprio, na História do país e que deve ser lembrado sempre com muito respeito e admiração pelos portugueses amantes da democracia.

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