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terça-feira, novembro 07, 2006

 

Diário de Coimbra 7-11-2006

Trabalhadores do hospital acusam administração de “despesismo arrogante”
Trabalhadores do Hospital da Figueira denunciam “despesismo arrogante” da administração, em prejuízo de sectores com graves carências e fundamentais para a qualidade do serviço. Administrador diz que o documento é «eivado de falsidades»Descontentes com o clima que se vive no Hospital, um grupo de trabalhadores decidiu levar ao conhecimento do Ministro da Saúde, presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, Ministro das Finanças, Tribunal de Contas, Inspecção-geral da Saúde, Direcção das Construções Hospitalares e Câmara Municipal da Figueira, uma exposição sobre o «despesismo arrogante» por parte do Conselho de Administração do HDFF, o que, afirmam, contraria uma norma de Agosto findo emitida pelo Ministério da Saúde, que proibia as despesas consideradas supérfluas, pelo menos até final do ano em curso.A indignação dos trabalhadores aponta para outros serviços e valências, onde o desinvestimento e desatenção são manifestos, nomeadamente, o Arquivo Central onde se trabalha em «condições desumanas», tendo já sido motivo de greve dos trabalhadores; a base do INEM está há anos à espera de uma garagem para a viatura que fica à mercê das intempéries, sujeitando todos os materiais, incluindo medicamentos, a alterações de temperaturas. O serviço de farmácia, afirmam, «tem quatro farmacêuticos a trabalhar num espaço exíguo, com cerca de nove metros quadrados», que impossibilita o normal funcionamento do serviço.Na carta, os trabalhadores afirmam ainda que os «utentes esperam em corredores, em cadeiras desconfortáveis»; os técnicos de informática «não têm condições na passagem da central para o bloco central em dias de chuva» e os «profissionais de contabilidade e tesouraria, por força das obras agora iniciadas e desnecessárias, estão a trabalhar sem condições».O documento classifica de «caricato» as obras no sector administrativo, no valor de 80 mil euros, «quando sempre e durante 30 anos os serviços funcionaram com dignidade e funcionalidade». E, a propósito, fala em «quatro luxuosos gabinetes para a administração» e piores condições de trabalho para os restantes profissionais do sector administrativo. Refere, em particular, «um gabinete de luxo com vista para o mar para o presidente», «encerrando uma saída de emergência para a evacuação de doentes e utentes em caso de catástrofe».O grupo acusa igualmente o presidente de «debitar mensalmente cerca de 1.000 kms entre Coimbra-Figueira», «pagos ao custo da deslocação dos funcionários públicos, quando já recebe ajudas», bem como de contratar uma assessora jurídica, «uma advogada que vem um dia/tarde por semana com um vencimento de 1,500 euros mais ajudas de transporte de ida e volta para Coimbra, quando existe um advogado a fazer serviços administrativos e mais quatro licenciados em Direito na instituição».Estas e muitas outras questões são levantadas na carta enviada às diferentes entidades, porque, justificam os autores do documento, «alguns trabalhadores não compreendem qual o plano de prioridades» da administração e, no seu entender, está-se perante «um desrespeito pela contenção de despesa pública».

Administrador “magoado e chocado com falsidades”
Confrontado com as acusações que lhe são feitas, o administrador Vítor Leonardo afirmou tratar-se de «um documento eivado de falsidades» e também por isso, continuou, «se justifica a contratação de uma jurista», apenas por 60 dias, cujo contrato «pode ser renovável e só durante a gestão desta administração». A gerir o hospital desde Junho passado, o administrador diz ter encontrado «uma desorganização enorme» e que as obras em curso «apenas no valor de 26 mil euros e não 80 mil, como dizem» estavam definidas e previstas pela anterior administração.Vítor Leonardo desmente também que o seu gabinete vá encerrar uma saída de emergência «porque nesse espaço já estavam a funcionar outros serviços anteriormente». Quanto aos kms confirma que está a receber um valor muito abaixo do estipulado, aguardando a todo o momento que lhe seja distribuída uma viatura para o efeito.O administrador mostrou-se «magoado e chocado com esta postura», sobretudo quando se trata de «falsidades», explicando que, por exemplo, a Farmácia «tem um espaço superior a 100 m2». Sobre outras situações referidas no documento algumas dessas obras estão programadas, lembrou «porque se trata de um edifício antigo, com limitações e grandes infiltrações de água, a obrigar a constantes obras de reparação». Contudo, mostrou-se confiante na missão que tem a cumprir, reconhecendo que o Hospital «dispõe de um excelente nível clínico com médicos, enfermeiros e restantes secções» para continuar a prestar um «serviço de qualidade e grande profissionalismo», apesar de «algumas limitações e sem grandes soluções estruturais», dando como exemplo as esperas nos corredores. «Era bom ter melhor confronto, mas as estruturas nem sempre o permitem», concluiu.


José Santos



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