Lugar para Todos

Ele, jovem ainda, é um elemento de uma força militar.
O pai, com mais de 70 anos sofre de uma doença degenerativa, vivendo de uma pequena reforma e residindo num modesto 3º andar numa grande cidade.
Já não se basta a si próprio, tendo que alguém (neste caso umas bondosas senhoras voluntárias em serviço domiciliário) tratar da sua higiene, da limpeza da casa, dando-lhe de comer, etc.
Enfim, com a sua mente muito afectada e sem forças físicas, passa os dias deitado, sem falar, num outro mundo só seu e bem triste.
À noite, porém, é aquele seu filho que fica com ele e lhe dá o apoio preciso, logo que termina o seu trabalho, filho que não sabe, há já anos, o que é um cinema ou um qualquer divertimento.
Tentaram interná-lo, mas onde?
Os lares não querem doentes destes, os hospitais muito menos e continua a não haver locais apropriados para acamados!
Aliás, o próprio filho que renunciou a uma vida normal, também diz que prefere tê-lo consigo até ao fim.
E quando será o fim? O que importa? – diz aquele filho que não se cansa de redobrar de carinhos e de amor para com o pai, que já nem se apercebe desses cuidados e sentimentos!
Grande amor filial, que bem pode servir de exemplo a muitos para quem um pai naquelas condições será somente um encargo pesado!