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domingo, novembro 12, 2006

 

Só alguns breves apontamentos sobre o Congresso do PS

Afinal, Manuel Alegre foi ao Congresso.
E recebeu grande ovação antes do seu discurso. No que disse, foi igual a si mesmo, como era de espera. Sem cair no afrontamento pessoal com José Sócrates, a sua intervenção foi nitidamente ideológica, apelando para que o PS e o Governo que sustenta não se afastem cada vez mais dos seus princípios e matrizes essenciais. Aplaudiu, porém, o espírito reformista que tem animado Sócrates mas criticando algumas das medidas tomadas, sobretudo nos sectores da Educação e da Saúde (quanto ao Serviço Nacional de Saúde, que se ficou a dever ao socialista António Arnaut disse que tal Serviço fica mas as taxas moderadoras de internamento não). Mais disse ser essencial não descorar nunca o social e afirmou que “ não há apenas a dívida do Estado, mas uma dívida social”. Por outro lado chamou a atenção de Sócrates para o significado
Das grandes manifestações populares que têm havido, a reflectirem o seu descontentamento, a sua não satisfação com as políticas do Governo. Manuel alegre não aceitou, por coerência, segundo disse, o convite (que, aliás, considerou amistoso) para integrar os órgãos nacionais do partido. De registar: o cumprimento afável trocado entre Sócrates e Manuel Alegre, no final da intervenção deste.

Helena Roseta foi, como sempre, corajosa dizendo o que disse, sabendo de antemão que tinha contra as suas ideias e posições já assumidas publicamente a maioria dos presentes no Congresso. Fez, claro, um discurso de esquerda emitindo a opinião de que o PS nalguns casos, está a ceder ao neo-liberalismo. E não aceita que algumas das reformas estejam a ser tomadas sem que, primeiramente, haja uma discussão pelo menos sobre alguns dos problemas mais importantes, dentro do partido, reclamando mais aproximação entre o Governo e o partido. Acabou por apelar para que, se o referendo sobre o aborto não vier a ter efeito vinculativo, o PS proponha a alteração da lei no próprio Parlamento (com o que Sócrates já disse não concordar, e bem!).

Discurso também ideológico foi o do Engenheiro Fonseca Ferreira que, embora com moderação, apontou vários pontos do programa do Governo que não estão a ser cumpridos, atingindo algumas das medidas tomadas sobretudo a classe média e os mais carenciados. Bateu-se pela regionalização, como forma de acabar com o centralismo que, no seu entender, só prejudica o desenvolvimento do país. Advertiu, ainda, que o PS precisa de estar atento ao fenómeno da globalização.

Como sempre Jorge Coelho, com um grande entusiasmo, fez o elogio do rumo seguido pelo Governo, arrebatando com a sua voz inflamada os congressistas. Mas, ao fim e ao cabo, foi um discurso “ chocho” embora com uma boa oratória.

Surpresa foi a de João Soares (que ainda há poucos dias subscrevera com outros um documento com críticas ao neo-liberalismo que se estava a verificar) que afinou também por Jorge Coelho no elogio a Sócrates, à sua determinação e coragem quanto às reformas. João Soares aceitou o convite para pertencer aos órgãos nacionais.

Também João Proença, Secretário-Geral da UGT, um dos promotores da maior manifestação de funcionários públicos igualmente não foi tão crítico como se esperava em relação ao Governo. Mas foi dizendo que algumas vezes parecia haver o propósito de práticas anti-sindicais, quando é certo que para governar bem os sindicatos são precisos, não podem sequer ser ignorados.
Não ouvimos a intervenção de Almeida Santos. Mas viemos a saber que, como já há tempos vem revelando ela centrou-se no futuro incerto e inseguro que pode esperar-nos.
Fez um discurso pessimista em relação a todas as áreas, da economia à política, do ambiente à ética e ciência. “ O mercado ameaça varrer o papel do Estado e criar uma Babel onde reine a anarquia” – disse ele. E para evitar isso “ só reformar é viver” e avisando Sócrates “ não oiça os cantos das sereias dos senhores da mesmice e da rotina”.

Sócrates, quer ao inaugurar quer ao encerrar o Congresso prometeu que continuará com a sua vontade e determinação as reformas que forem precisas. Mas sabe que lidera um partido socialista e, por isso, o social. A melhor qualidade de vida dos portugueses, o combate à exclusão e à pobreza serão as suas metas essenciais. Só que para tal é necessário criar, quanto antes, as condições adequadas.

Ouviu-se falar, através de alguns intervenientes, em esquerda moderna, isto é, segundo eles, o que está a fazer-se, é a modernização da esquerda radical, já caduca. Entendemos que deve sim aprofundar-se cada vez mais com medidas positivas e coerentes as matrizes essenciais do PS: a solidariedade, a igualdade e a fraternidade.
A chamada esquerda moderna não poderá ser uma cedência ao neo-liberalismo?!

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