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segunda-feira, março 26, 2007

 

E terminou como talvez se quisesse desde o início!

O concurso “ Os grandes portugueses” terminou ontem com a vitória de António de Oliveira Salazar, que assim foi considerado como o maior português de sempre.
Terminou, aliás, como se previa pois tal concurso era, decerto, destinado a “ branquear” o nome do ditador!
Claro que, num regime democrático temos que aceitar, embora custe, situações como esta, em que é a opinião pública a escolher.
Só que estamos em crer que essas escolha foi cuidadosamente preparada, até mobilizada, pelos saudosistas de Salazar, que quiseram aproveitar a ocasião de um concurso (a que se chamou de entretenimento!) , para lembrar, como o maior português, quem na verdade não o foi, mas distribuiu muitas benesses que ainda não esqueceram a quem as obteve...
Por outro lado, como alguém já disse o voto em Salazar poderá talvez ter sido um voto de protesto contra a actual situação política e económica difícil, mesmo grave, que se vive em Portugal e que naturalmente motiva desagrado em grande parte dos portugueses.
Simplesmente, os que votaram Salazar esqueceram ou nunca vieram a saber como foi o seu governo ditatorial.
Foi, aliás, fácil: sem haver direito a uma oposição, sem partidos, sem liberdade, com uma tenebrosa polícia política, com torturas nas cadeias, com mortes mesmo ( como aconteceu no Tarrafal, verdadeiro campo de concentração para os opositores ao regime então vigente), perseguindo de maneira impiedosa quem escrevia ou falava, ainda que encapotadamente, contra o governo de Salazar, apostando na ignorância do povo ( assim era mais fácil de o submeter), mantendo uma guerra injusta nas colónias ( onde morreram milhares de jovens), guerra que se sabia não ter solução militar, impondo aos trabalhadores apenas obrigações e nunca deveres, não havendo sequer uma assistência social, etc, etc – foi realmente fácil o governo de Salazar, bastando-lhe usar da força!
Isolado da Europa e do mundo “ orgulhosamente sós” como Salazar dizia, e cultivando, a certa altura, a amizade, a admiração e identificação com os regimes ditatoriais de Hitler e Mussolini, Portugal era um país em que no seu interior se vivia muito mal sob todos os aspectos, e que no exterior não tinha aceitação internacional.
Foi um homem, como Salazar, que eu costumo dizer ter tido uma pedra no lugar do coração, que ganhou, por votação, este concurso que agora terminou!...
Houve decerto uma habilidosa, cuidadosa e até talvez dispendiosa mobilização dos eleitores.
Mas, seja como for, não será essa votação que, embora escandalizasse ou mesmo entristecesse alguns, irá afectar, de qualquer forma, a vida do país actual.
Que houve tentativa de “ branquear” o nome de Salazar, lá isso houve!
Mas de nada valerá porque o regime democrático, mesmo com algumas imperfeições que têm de se corrigir não parará jamais!
Contudo, quem andou, como muitos, na luta bem difícil e perigosa contra o fascismo tem necessariamente de se sentir chocado e até mesmo desgostoso com tão injusta votação num homem que só atrasou o país, querendo-o essencialmente rural, que se aproveitou e até estimulou a ignorância do povo para melhor satisfazer os seus propósitos mesquinhos e retrógrados, um homem que, apesar de se dizer cristão, deixou que muitos dos seus compatriotas sofressem violências de toda a ordem e até por mortes (lembramos aqui o General Humberto Delgado) ele foi responsável.
Foi um mau programa de entretenimento o que a Maria Elisa trouxe para Portugal, não pelo seu desfecho, mas mais porque, no fundo estavam em disputa personalidades que nada tinham de comparável.
Foi um mau serviço que aquela apresentadora prestou nesta altura ao nosso país!

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