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sexta-feira, março 16, 2007

 

Quadro da vida

Comecei a ver aquele casal de idosos no café e, a certa altura, fizemos conversa.
Logo me impressionou a maneira terna como s dirigiam um ao outro e até, por vezes, estavam de mão dada, como se ainda fossem dois namorados.
E falaram, com sinceridade, que com a idade a avançar, os afectos intensificavam-se, já não eram fogosos mas mais temperados e amadurecidos.
Diziam-me que esses afectos os faziam sentir bem, porque mais meigos e ternurentos, que traziam, mesmo sem quererem lembranças de um passado já distante e que fora, felizmente, bom.
Mais: falavam do amor, agora mais puro, sem qualquer outro interesse que não fosse reviver, em cada gesto ou atitude, uma aproximação mais espiritual, fomentando mais a amizade profunda que os unia.
Era, na verdade, um encanto ouvi-los falar do seu relacionamento, como dois adolescentes!
Durante uns dias, aquele simpático casal deixou de aparecer.
E vim a saber que ele morrera repentinamente.
Na igreja fui dar as condolências à viúva.
Ela estava serena com as suas mãos sempre tocando as dele.
E apenas me disse: o meu marido mimoseou-me sempre com os tais afectos de que falámos e fez-me muito feliz, até desde que fomos novos.
Pensei, então: não era preciso percorrer uma longa vida para ser totalmente feliz, há quem, com sinceridade se sinta bem a dar aquela afectividade e amor, que eu julgava só vir a existir mais na velhice!

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