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domingo, janeiro 27, 2008

 

A festa da democracia?!

Em Évora, o Primeiro-Ministro foi recebido com assobios e palavras de protesto, voltando a dizer aos jornalistas não o incomodarem essas manifestações, pois as considerava como “ a festa da democracia”!
Discordamos dessa atitude de “ defesa” que é, sem dúvida, insólita e inadequada.
É que para se fazer festa tem que haver motivo sério que a justifique como algo que traga alegria, felicidade, a satisfação que advém da resolução dos problemas mais prementes.
E não nos parece que o que está a acontecer no nosso país possa trazer aos portugueses aqueles sentimentos.
Se já se tomaram medidas positivas para uma melhor qualidade de vida, muito há ainda a fazer, por exemplo, e, sectores como a Saúde, a Justiça, a Educação, em que as reformas operadas são muito discutíveis e até algumas inaceitáveis.
Quem conhecer o país real não pode deixar de saber que aumenta, dia a dia, o descontentamento do povo, que justificadamente esperava que um governo socialista se preocupasse mais com o social e não adoptasse a preferência por critérios meramente economicistas.
Para melhor se aproveitarem as verdadeiras virtualidades da democracia é necessário o uso constante do diálogo antes de se tomarem decisões que interessam a toda a comunidade, diálogo que, presentemente nem sempre se tem verificado.
E tem de haver também humildade para reconhecer que nem sempre os responsáveis políticos estão de posse de toda a verdade e do que melhor convém para a solução dos problemas.
A ainda elevada taxa do desemprego, o caos na Saúde, a cada vez mais dificuldade no acesso à Justiça por parte dos carenciados, o agravamento das desigualdades sociais, a pobreza em que vivem 2 milhões de portugueses, o neoliberalismo que dá demasiada atenção ao privado em detrimento do público, a falta de democraticidade nas escolas e o desrespeito do valor e da dignidade da função docente, etc, - tudo isso deve preocupar e muito os governantes levando-os, com ânimo, a trabalhar no sentido de encontrarem as soluções que se impõem.
Só então, na verdade, haverá razão para a justificada festa da democracia.
Entretanto, porém, há que ter em atenção as manifestações populares, que reflectem o descontentamento que se vai sentindo e que poderão ser um alerta dirigido a quem tem o poder.
“Não se goze” pois com as legítimas manifestações populares, que não devem menosprezar-se.

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