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quarta-feira, janeiro 23, 2008

 

O medo

Vai havendo já medo de se falar livremente em certos locais e serviços públicos.
É que algumas pessoas, que querem afirmar a sua simpatia e obter a confiança dos chefes, não se importam de criar problemas aos seus colegas de trabalho, levando ao conhecimento daqueles o que ouvem a estes!
Isso, claro, não é próprio de quem se diz integrado na democracia e a defende, se for preciso, publicamente e com aparente demasiada convicção...
Sobretudo quando o seu grupo político está de cima é fácil ser-se hipócrita dizendo uma coisa e fazendo outra.
É fácil, para se valorizar perante os superiores hierárquicos, dar-lhes conhecimento do que se vai ouvindo aqui e ali, quase sempre avolumando.
E, como os que se sentem indignados ou mesmo revoltados com o andamento da vida política são normalmente os que precisam dos empregos, que remédio têm senão remeterem-se ao silêncio para não arriscarem consequências graves.
É triste que assim aconteça, quando a Revolução do 25 de Abril acabou com a repressão e trouxe a liberdade, que durante cerca de meio século de ditadura, não podia ser usada.
Compete aos que estão em posições de poder ou directivas não acolher as “ notícias” que lhes levam, quantas vezes deturpadas ou falseadas, com o propósito de fazer a intrigazinha.
Por outro lado é também preciso que haja coragem para reagir e combater o medo, que poderá minar um regime democrático que tanto custou a conquistar.

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