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sábado, fevereiro 02, 2008

 

Lembrando...

No tempo da ditadura de Salazar e Caetano, a Figueira foi um forte e valioso baluarte em defesa da Liberdade e da Democracia.
A polícia política tinha sempre muito que fazer aqui, realizando devassas domiciliárias abusivas, dando constantes informações, proibindo reuniões e convívios dos opositores ao regime, efectuando prisões.
Havia neste nosso concelho um grupo de democratas dinâmicos e corajosos que não abrandaram nunca na sua luta.
Por vezes, dou por mim a lembrar figuras marcantes da oposição democrática, uns já falecidos e outros felizmente não: Maurício Pinto, comerciante; Júlio Gonçalves, advogado e orador eloquente; Adelino Mesquita, advogado; Cristina Torres, grande mulher e lutadora anti-fascista, professora demitida por Salazar e seu marido Albano Duque, contabilista; José da Silva Ribeiro, notável orador e grande sacrificado pela ditadura; José Rafael Sampaio, professor, talvez de todos o que mais prisões sofreu; João Bugalho, médico; Lopes Feteira, médico; João de Almeida, advogado; Guige Baltar, comerciante; Rui Alves, economista; Mário Rente, tipógrafo; Valdemar Ramalho, gestor comercial; Irmãos Rama, comerciantes; Vieira Gomes, médico; Santos Silva, médico; José de Freitas, comerciante; José Fernandes Martins, funcionário da Celbi; Vieira Alberto, engenheiro, Cerqueira da Rocha, advogado; Mário Neto, economista; Joaquim Barros e Sousa, professor.
Estes são apenas alguns dos que na Figueira tiveram acção preponderante no combate à ditadura, que sempre fizeram com tenacidade e sem medo – uns em tempos já longínquos mas que eu conheci ainda bem, outros mais recentemente.
E muitos tiveram que fazer a sua luta anonimamente, dadas a suas posições profissionais.
Havia, então, uma unidade de propósitos, única forma de o combate poder ter êxito.
Foram muitas as reuniões sempre em locais diferentes para despistar a polícia, muitos também os manifestos elaborados e muitos os documentos de propaganda, distribuídos a altas horas da noite de casa em casa.
Alguns desses democratas tiveram ainda o privilégio de estar presentes nas comemorações da Revolução dos Cravos, libertadora do nosso povo do jugo ditatorial que quase ia aniquilando a alma nacional.
Os figueirenses que, porventura, podem lembrar-se dessas personalidades já falecidas sentem, decerto, como eu, saudade.
Foram muito bons exemplos de coragem, de coerência e fidelidade aos valores e princípios democráticos.
A lembrança dessas pessoas surge-nos mais forte em datas como a de 31 de Janeiro, sempre aproveitada durante muitos anos para reuniões e jantares onde se reforçavam os ideais da Liberdade e da Democracia.

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