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segunda-feira, março 24, 2008

 

Quadro da vida

À minha frente estava uma jovem de vinte e poucos anos.
Deixei-a falar aberta e demoradamente, pois logo percebi que ela precisava mesmo de desabafar.
E a sua situação era, na verdade, a de alguém que muito já tinha passado, para quem a vida era madrasta má!
Em casa dos pais, sofrera com as desavenças daqueles e com as muitas dificuldades económicas que não lhe permitiram ter, com regularidade, duas refeições por dia.
Valera-lhe o apoio que na escola lhe foi dado quer em roupas quer em alimentos.
Apenas com 16 anos deixou-se seduzir pelas promessas de amor de um rapaz que lhe pareceu com boas qualidades, e os próprios pais a entusiasmaram a ir viver com ele.
Era menos um encargo que tinham e para ela era uma fuga ao mau ambiente da casa paterna e também aos constantes maus-tratos de que era vítima quase diariamente.
Mas a vida em comum com o companheiro cedo começou a ser um martírio, o alcoolismo e a droga tomaram conta dele, afastando-o do trabalho e levando-o a agredi-la com frequência e com violência.
Pior ainda do que isso foi ele querer que se prostituísse com alguns dos seus amigos que levava para casa.
Ali estava diante de mim aquela jovem, já com aspecto de muito mais idade.
Pediu-me que lhe valesse, que lhe arranjasse um emprego pois até fome estava a passar.
Sujeitava-se a qualquer trabalho.
Mas qual?!
Prometi interessar-me, ficando com o nome e a morada dela.
Pobre rapariga que já tinha uma história triste, muito triste.
E quantas haverá com problemas idênticos?!

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