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terça-feira, julho 29, 2008

 

Quadro da vida

Com um ar muito triste e, por vezes, com lágrimas que não conseguia conter, ela foi contando, Casara muito nova e por amor, contrariando até a vontade dos pais. E o casal viveu feliz durante seis ou sete anos e nesse período nasceram dois filhos. Depois, repentinamente, o procedimento do marido começou a ser outro: tudo o irritava, criticava-a constantemente, insultava-a, deixou de ligar ao trabalho no estabelecimento que explorava. Chegava a casa de madrugada, vindo a associação onde jogava cartas, perdia dinheiro e se enchia de vinho. Quase todos os dias, ela tremia só de pensar que o marido vinha para casa. E as agressões violentas passaram a ser frequentes. Foram anos de tormento, de um terrível mal viver, a ser espancada mesmo em público. Por vezes, a sua cara ficava amassada, desfigurada, tanta era a pancada que apanhava. Ela, marcada pelas agressões, tinha até vergonha de sair à rua. Mas os próprios filhos, já adultos, antes de emigrarem e conhecedores do que há muito a mãe passava, convenceram-na a pedir o divórcio, até porque era já pública uma relação dele com outra mulher.
O processo está ainda a correr, mas a infelicidade daquela mulher continua: apareceu-lhe, há pouco, um cancro na cara e atribui-se isso a tanta pancada que recebeu naquela parte do corpo. Ela, que nunca trabalhara fora de sua casa, vendo-se sem recursos começou a fazer limpezas. Agora, porém, nem pode fazer porque já começou a sua “ via sacra” dos tratamentos no IPO...
Sempre insegura quanto ao seu futuro que se advinha muito negro, a contas com uma terrível doença, como pode ela não estar sempre triste?
Tem-lhe valido a bondade de pessoas, que não lhe sendo nada a vão ajudando.
Senti que as minhas palavras de encorajamento e de optimismo não a convenceram. E como podia isso acontecer?
Há realmente pessoas que têm razão quando dizem que nasceram para serem infelizes, muito infelizes mesmo, como aquela mulher que quis desabafar comigo!

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