Lugar para Todos

É sempre com muita e justificada emoção que vivo mais um aniversário da libertadora Revolução do 25 de Abril de 1974.
Foi já há 35 anos que tive talvez uma das maiores alegrias de sempre, porque podia sentir, a partir de então, a Liberdade a jorrar por todos os cantos do meu país.
País mártir até aí, pois que era só de alguns, já que muitos outros só podiam viver com o seu sofrimento, a contas com perseguições e violências de toda a ordem, com prisões sucessivas apenas por se discordar da política salazarista.
O poder de então não lhe permitia a liberdade de pensamento, a liberdade de expressão e de reunião, não respeitava os direitos fundamentais dos cidadãos, mandava para o tenebroso campo de concentração no Tarrafal detidos sem julgamento e os Tribunais Plenários que julgavam os chamados crimes políticos, faziam-no, claro, com escandalosa parcialidade e com juízes escolhidos pelo regime!
Não se atacava a iliteracia, pois era mais fácil governar (ou melhor subjugar!) um povo ignorante e subserviente.
Fazia-se a apologia dos “benefícios” da pobreza, dizendo que se devia aceitar com humildade.
E os lugares mais rendosos eram atribuídos a quem não os merecia, mas porque eram “aduladores” do “grande chefe”!
O país estava isolado da comunidade internacional e ficou célebre a rase de Salazar: “orgulhosamente sós”!
Mandou-se para a morte centenas de jovens obrigados a participar numa guerra colonial injusta e que, no parecer de responsáveis militares, não se podia ganhar pelas armas.
Porém, sempre houve portugueses, quantos mesmo no seu exílio forçado, que lutaram contra o regime totalitário instalado em Portugal.
Gente que sacrificou as suas actividades profissionais e as suas famílias, mas que nunca deixou de lutar, por vários meios, contra o que representavam Salazar e Caetano.
Surgiu, então, ao fim de quase meio século, a Revolução de Abril feito por militares honrados e valentes que presentearam os portugueses com Liberdade e a Democracia.
E se alguns ainda não estão dispostos a perder privilégios que tinham e têm tentado, pelas mais disfarçadas maneiras, empatar o melhor desenvolvimento da democracia.
A verdade é que se tem resistido a quem quer atacar o regime e o principal dele, felizmente, conseguiu até hoje manter-se.
Podemos comemorar o 35º aniversário da libertação do povo português do jugo ditatorial.
Hoje, apesar da grave crise que se está a passar e de certos desvios ou incumprimento de programas partidários podemos sentir as nossas almas cheias de alegria e gritar alto, muito alto:
Viva o 25 de Abril!
Viva a Liberdade!
Viva a Democracia!