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domingo, junho 21, 2009

 

Quadro da vida - De porta em porta...

Diante de mim estava um homem, com 50 e tal anos, de bom aspecto, mas muito modestamente vestido.
Pediu-me desculpa de incomodar e disse ao que vinha: quando ficou sem emprego viu-se na necessidade de vender livros de porta em porta.
Livros, porém, da sua autoria!
E mostrou-me três: um romance, um de poesia e uma monografia da sua terra natal, bem ao norte do país.
Manifestei-lhe a minha estranheza dele andar a vender livros seus, de porta em porta.
Disse-me, então, que, desde novo, nunca deixara de se interessar por cultura e de ler muito, procurando instruir-se o mais possível.
E começara a escrever prosa, poesia e até a compor música.
Surpreendido com o que estava a ouvir, ainda perguntei: não tem uma editora, que distribua e ponha à venda os seus livros?
Baixou os olhos e com voz quase sumida respondeu: ninguém quer editar um autodidacta, um autor desconhecido e, como preciso de sobreviver, aqui ando por todo o país a vender, embora com alguma vergonha, os meus livros.
Fiquei com um romance, no qual me apôs uma amável dedicatória.
E aquele homem continuou o seu caminho, batendo a mais portas, que oxalá não se lhe fechem, porque ele precisa mesmo de ajuda.

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