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domingo, julho 26, 2009

 

Recordando...

A visita de cavaco Silva à Áustria começou por um contacto com algumas dezenas de pessoas que, na sua juventude, fugindo com os seus familiares aos horrores da 2ª Guerra Mundial vieram viver em Portugal, que acolheu não só austríacos como outros de diferentes nacionalidades.
Vendo na televisão o Presidente da República recordar que em Boliqueime, sua aldeia natal, estiveram crianças austríacas, sendo muito bem recebidas, lembrei também o muito que se fez na Figueira para proporcionar “ à colónia” dos refugiados o melhor bem-estar possível.
Para além de se lhes arranjar instalações, aproveitando-se para camaratas as salas maiores de algumas colectividades, formaram-se grupos de senhoras figueirenses que cederam roupas de vestir e de cama, oferecendo-lhes, ainda, refeições.
E até houve quem cedesse gratuitamente partes das suas casas. Médicos houve que dispensaram os seus cuidados, assistindo os refugiados nas suas doenças, sem nada cobrarem.
Claro que entre esses refugiados, encontravam-se alguns que tinham conseguido trazer consigo alguns bens de valor como dinheiro, jóias, boas peles, etc, esses instalaram-se em hotéis, pensões ou em casas arrendadas.
Mas, nem a esses faltou a solidariedade dos figueirenses, proporcionando-lhes convívios, diversões e a utilização gratuita dos locais onde podiam praticar os seus desportos favoritos como aconteceu com o ténis clube, então muito fechado e da elite que, apesar disso, acolheu o melhor possível os refugiados.
Passaram pela Figueira muitas pessoas que, nos seus países ocuparam lugares de relevo ou tinham actividades valiosas e rendosas.
Lembro um grande pianista polaco (de nome Walkosinky) ainda jovem, que, a pedido dos asilos da Obra da Figueira fez um excelente concerto cuja receita total reverteu para aquela instituição.
Muitos anos mais tarde, esse pianista que, entretanto, chegou a ser mundialmente dos mais cotados, veio à Figueira em romagem de saudade, visitando a casa que lhe dera guarida e as pessoas com quem aqui mais conviveu.
Também não posso deixar de recordar que os refugiados, que estiveram entre nós, deram à Figueira um cunho de modernidade que, a princípio, “ escandalizou”, mas que acabou por ser aceite.
Por exemplo: o seu vestuário mais livre, a frequência das mulheres nos cafés, a maior exposição nas praias, o hábito de fumar por parte das senhoras, a prática do jogging, etc.
Enfim, os refugiados que viveram na figueira tornaram-na mais cosmopolita e, a partir dessa época, a nossa cidade foi realmente uma estância de turismo mais internacional.
E, sem dúvida, a comunidade figueirense prestou, talvez como poucas, uma constante e valiosa solidariedade aos que aqui viveram fugindo à violência e às práticas desumanas dos nazis.

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