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segunda-feira, agosto 24, 2009

 

Manuel Fernandes Tomás

Hoje, comemora-se mais um aniversário da Revolução Liberal de 1820.
Foi seu mentor e principal impulsionador o ilustre figueirense Manuel Fernandes Tomás, nascido em 1771, distinguindo-se como jurista e que ocupou vários lugares de relevo e também como político lutando, com muita coragem, por uma sociedade melhor, com mais justiça, fraternidade e solidariedade.
Daí que a morte de Manuel Fernandes Tomás em 19 de Novembro de 1822, tenha causado geral e profunda comoção pública, reveladora do elevado grau de admiração e pareço em que era tido pela população.
Escritores e poetas, políticos e homens simples prestaram-lhe sentida homenagem póstuma.
Pinheiro Chagas na sua História de Portugal refere-se assim a Fernandes Tomás: “ Ele era, entre os homens de 1820, o que tinha mais bom senso e o que se mostrava mais homem de governo. Tinha um imenso prestígio, um grande e sincero patriotismo, resolução e energia, era um pensador e um homem de acção”.
Mesmo os que de algum modo censuram à Revolução de 1820 um certo romantismo, a sua natureza essencialmente burguesa, a estranha fidelidade ao monarca responsável pelo caos a que chegara o país, a demagogia e os excessos nas medidas logo tomadas ( como se fosse possível evitar excessos nos primeiros momentos da emancipação de um povo) – mesmo esses reconhecem a excelência do carácter de Manuel Fernandes Tomás, a sua coragem, a sua honradez, o seu intenso portuguesismo, a coerência política e verticalidade moral.
Todos o consideram o ideólogo e impulsionador do liberalismo português, o dinâmico e esclarecido obreiro da Constituição de 1822 (a mais avançada na época), esteio jurídico de uma nova ordem assente em profundas reformas políticas, económicas e sociais – reformas que soube, com muita coragem e brilho, defender nas Cortes Constituintes, onde foi o mais notável deputado.
Orador eloquente e arrebatador, sempre revelou um firme propósito de combater uma caduca e obsoleta sociedade feudal, pugnando pela cidadania completa de um povo.
Enquanto muitos dos seus companheiros do Sinédrio, associação clandestina onde, no Porto, se preparou a Revolução de 1820, se contentaram quando lhes foi garantido o regresso do Rei, que fugira para o Brasil receoso das consequências das invasões francesas, e a expulsão de Portugal do general Beresford e da oficialidade inglesa que estavam a “ tiranizar” o nosso país – Manuel Fernandes Tomás manteve-se fiel aos objectivos essenciais do Movimento de 1820: pôr fim ao absolutismo, instaurar uma monarquia constitucional, devolver a soberania às Cortes, acabar com os privilégios, consagrar a igualdade perante a lei e os direitos e liberdades fundamentais, permitir que os portugueses pudessem participar na vida pública, acabar com o veto real, instituir a liberdade de imprensa, etc.
O liberalismo de Manuel Fernandes Tomás era, sem dúvida de esquerda, o que lhe causou dissabores provocados pelos conservadores.
Mas aquele ilustre figueirense nunca os temeu e foi sempre igual a si mesmo.
Manuel Fernandes Tomás foi um político notável, um cidadão impoluto e honrado, dinâmico e inteligente, trabalhador em prol da cidadania plena dos portugueses.
Os que fazem da vida uma doação constante ao Bem Comum acabam por permanecer para sempre na memória das Gentes.
Manuel Fernandes Tomás é um desses homens que, pela sua sempre valente e irrepreensível acção política, merece ser lembrado neste dia 24 de Agosto, data em que aconteceu a Revolução Liberal de que foi a figura central.

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