.comment-link {margin-left:.6em;}

quinta-feira, novembro 19, 2009

 

Lembranças…

Quanto mais se avança na idade, mais recordações vamos tendo!
E, desta vez, foi a recente morte de Jorge Sá Borges que me trouxe á memória os primeiros tempos em que o conheci, logo após a Revolução do 25 de Abril.
Conheci-o, então, pessoalmente, pois já tivéramos alguns contactos pelo telefone.
Viria ele a ser duas vezes, Ministro dos Assuntos Sociais e em 1979, no Governo da saudosa Eng.ª Maria de Lurdes Pintasilgo, assumiu a pasta ministerial do Trabalho, escolhendo-me para Secretário de Estado do Trabalho e Formação Profissional.
Sá Borges não foi deputado da Assembleia Constituinte mas manteve com muitos deles, entre os quais eu próprio, quase diários contactos em que sempre se aprendia alguma coisa sobre política, da qual ele tinha uma vasta e correcta preparação.
Era intrinsecamente um político, dotado de uma invulgar inteligência e de uma muito completa formação humanista.
Lembro as tertúlias nocturnas, que tínhamos no bar da Natália Correia e noutros locais, em que sempre estavam presentes e intervinham vultos grandes da vida política de então.
É que, da Constituinte, fizeram parte, na verdade, personalidades como Henrique de Barros, Mário Soares, Raul Rego, Freitas do Amaral, Amaro da Costa, Manuel Alegre, Emídio Guerreiro, Vasco da Gama Fernandes, Carlos Brito, Medeiros Ferreira, Jaime Gama, Nuno Rodrigues dos Santos, Artur Santos Silva, José Manuel Tenguerrinha, Dias Lourenço e outros.
Dos deputados mais novos em idade, lembro José Luís Nunes, Jorge Miranda, Mota Pinto, José Augusto Seabra, Kaliás Barreto, Marcelo Rebelo de Sousa, Joaquim Coelho dos Santos, António Arnaut, Vital Moreira, Pinto Balsemão, Carlos Candal, Romero Magalhães, Luís Catarino, Barbosa de Melo e muitos outros que, tendo combatido com persistência e coragem a Ditadura, estavam na Assembleia Constituinte empenhados em afirmar-se como políticos desejosos de contribuírem, nesse período mais activamente, para a instauração da Liberdade e da Democracia no nosso País.
E o certo é que, apesar das muitas vicissitudes que chegaram a por em causa a própria elaboração da Constituição, esta veio a ser aprovada em 1976.
Na Constituinte houve naturalmente confrontos ideológicos muito diferentes e houve quem neles participasse com todo o vigor e convicção.
Por aquela Casa de Democracia, passaram e intervieram grandes figuras da política e outros que com eles aprenderam como esta deve ser exercida.
Pois bem: Sá Borges, sem ser constituinte deu sempre, através das suas simples conversas e das suas posições, assumidas sempre com muita coragem e clareza, um valioso contributo para que em Portugal viessem a existir a Liberdade, a Democracia e a Justiça Social.
Ele foi um social-democrata de esquerda muito respeitado e admirado.
Havia nesse tempo um conjunto de cidadãos que souberam honrar e prestigiado a ética política.
E, agora o que há?!

Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?