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terça-feira, outubro 05, 2010

 

Viva a República!

O Regime Republicano instaurado em 5 de Outubro de 1910 (comemora-se agora o seu centenário) significou essencialmente a ruptura com a discriminação entre portugueses privilegiados económica, social, política e culturalmente e aqueles que, na sua maioria, eram analfabetos e não dispunham de condições para saírem do obscurantismo que interessava ao governo monárquico.
E significou também a abertura à consagração e afirmação efectiva dos direitos humanos fundamentais, atribuindo a cada cidadão a sua plena dimensão cívica.
Significou, ainda, que se deviam respeitar os princípios da igualdade entre todos os portugueses ( mormente a dos homens e mulheres, que ainda não existia) da Liberdade, da Democracia, da Solidariedade e Justiça Social.
Foi principalmente nos sectores da Justiça, da Educação e Laboral que o Novo Regime Republicano realizou as mais importantes reformas, além de promover e melhorar a imagem do nosso país na cena política internacional que, durante a monarquia já há muito caduca atingira tão baixo nível.
Porém, há que reconhecer que nem toda a ideologia dos republicanos conseguiu revelar-se na prática.
Os confrontos político-partidários, as divisões entre os agentes políticos, foram constantes porque várias visões havia quanto ao funcionamento do regime republicano e democrático, levando a perturbações civis e militares e provocando naturalmente, por vezes, lamentáveis cenas de desordem pública.
E foram muitas as tentativas do derrube da República por parte de monárquicos desejosos de reaverem os seus privilégios.
E se economicamente também não houve os êxitos desejados, não pode, porém, esquecer-se de que o novo regime instaurado teve que fazer face aos custos da I Guerra Mundial, contribuindo para aumentar o agravamento da situação do tesouro público legada pela monarquia.
Só que, na verdade, a intervenção militar portuguesa na guerra foi, efectivamente, necessária para, ao lado de outros países se fazer a defesa da liberdade e da democracia e também para precaver que o resultado dessa guerra levasse a deixar o nosso país sem colónias, as quais há muito eram apetecíveis sobretudo pela Alemanha.
Mas se a I República acabou por criar, ao fim de apenas dezasseis anos, a desilusão do povo não foi de admirar o aparecimento do chamado Estado Novo.
Não se pode, não se deve sequer pôr em dúvida os nobres princípios que inspiraram a I República e a ética como responsáveis políticos de então foram sérios e fiéis aos valores da honestidade, da responsabilidade, da transparência e verdade.
Os muitos exemplos que deram de humildade e modéstia como se comportaram mesmo ocupando altos cargos e do seu intenso patriotismo é algo que tem sempre de ser reconhecido e exaltado.
A República promoveu a dignidade e a valorização da pessoa humana procurando dar-lhe as condições de um efectivo progresso.
Até pelos valores morais e éticos que os agentes políticos de então sempre demonstraram, valores que, hoje, infelizmente, vão sendo esquecidos e violados, o centenário da República merece sempre o nosso mais sentido Viva a República!
Nem o esbulho que a ditadura de quase cinquenta anos nos fez dos valores republicanos e que, felizmente, nos foram restituídos pela Revolução do 25 de Abril de 1974 poderá calar a emoção e também a intensa alegria como gritaremos sempre Viva a República.

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